Apocalipse - Parte 4

 

A sala do Trono de Deus 

Figura 1 - A visão de João: a sala do Trono de Deus


Logo após Jesus ter dado as orientações para as igrejas, João teve outra visão:

"Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu, e a primeira voz que ouvira, voz como de trombeta, falando comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer." Ap. 4, 1.

João foi convidado a subir aos céus, pois é lá que está o Trono de Deus (Figura 1). Inicialmente, João descreveu a aparência daquele que está assentado no trono:

"Num instante fui dominado pelo Espírito de Deus. E ali no céu estava um trono com alguém sentado nele. O seu rosto brilhava como brilham as pedras de jaspe e sárdio, e em volta do trono havia um arco-íris que brilhava como uma esmeralda." Ap. 4, 2-3.

Podemos perceber que João não identifica de imediato quem está assentado no Trono mas se dedica em falar da sua aparência gloriosa. Ainda que ele soubesse de que se tratava de Deus, o que ele conseguiu expressar foi a sua glória. O rosto era brilhante, e brilhava como as pedras de jaspe e sárdio. 

No livro de Êxodo vemos que Deus determinou que o sumo sacerdote deveria usar em sua vestimenta um peitoral composto de 4 fileiras com 3 pedras preciosas em cada uma delas, totalizando 12 pedras preciosas. Cada pedra deveria ter gravado o nome de uma das 12 
tribos de Israel. 


Figura 2 - Peitoral do Sumo Sacerdote


A Figura 2 mostra a estrutura do peitoral. A primeira pedra (à esquerda e no topo) era o sárdio, sardônio, cornalina ou rubi. A variação no nome se deve à tradução usada nas escrituras. Ambas são de cor avermelhada e representava a tribo de Rúbem, o primogênito de Jacó. A última pedra do peitoral (à direita e na base) era o jaspe também de cor avermelhada que representava a tribo de benjamim, o filho mais novo de Jacó. De certa forma é apropriado dizer que o sárdio aponta para a 1ª vinda de Cristo (o princípio das obras com o Evangelho pregado por Jesus, o seu sacrifício na cruz e a sua ressurreição) e o jaspe a sua 2ª vinda (a confirmação de seu propósito com o restauração e todo o seu povo). Está escrito:  Jesus é o alfa e o ômega. O rosto de Deus indica o inicio e o fim.  Na verdade, João viu em Deus o próprio Cristo, aquele que é o verbo, se fez carne e subiu na glória. 

Outro aspecto que chamou a atenção de João foi o brilho de um arco-íris que brilhava como uma esmeralda. Podemos perguntar: o que tem a ver o arco-íris que possui 7 cores e a cor verde da esmeralda?

Na Figura 2, podemos ver que a 4ª pedra do peitoral (2ª fileira à esquerda) é uma esmeralda cuja representação era da tribo de Judá que foi o 4º filho de Jacó. Pois foi justamente desta tribo que descendeu Davi e gerações depois descendeu José o marido de Maria (Mt. 1, 1-17). Portanto, o tom de verde como esmeralda visto por João nos remete à linhagem de Cristo que é a nossa esperança de salvação. A Palavra nos diz que Jesus é o leão da tribo de Judá, o rei dos reis que veio para vencer a morte e venceu, pois, ressuscitou e vivo está, glória a Deus! O arco íris mostra a aliança de Deus feita com toda a criação (Gn. 9, 9-17). Portanto, João viu o amor de Deus que, por meio de sua nova aliança com a humanidade, enviou seu filho Unigênito - esmeralda. Deus é fiel eternamente para  para conosco (Deus não é homem para mentir, o que Ele promete Ele cumpre - aliança = arco íris). 

Outros 4 detalhes compuseram a visão de João em relação ao trono de Deus: os 24 anciãos, as 7 tochas acesas, o mar de vidro e os 4 seres viventes.

"Ao redor do trono havia outros vinte e quatro tronos nos quais estavam sentados vinte e quatro líderes, vestidos de branco e com coroas de ouro na cabeça. Do trono saíam relâmpagos, estrondos e trovões. Diante dele havia sete tochas acesas, que são os sete espíritos de Deus. E em frente do trono havia uma coisa parecida com um mar de vidro, claro como cristal.
Em volta do trono, em cada um dos seus lados, estavam quatro seres vivos, cobertos de olhos, na frente e atrás.  O primeiro parecia um leão. O segundo parecia um touro. O terceiro tinha a cara parecida com a de um ser humano. E o quarto parecia com uma águia voando." Ap. 4, 4-7.

Num consenso mais geral, os estudiosos defendem a ideia de que os 24 líderes vistos por João não são anjos e sim homens, ou seja, santos de Deus. Em nenhum lugar das escrituras menciona-se que anjos assentam-se ao lado de Deus e nem que eles são chamados de anciãos (homens idosos). Em contrapartida, podemos ver que nas escrituras, em várias passagens, há a menção da promessa de reinado ao lado de Deus para aqueles que se lavarem nas vestes de Cristo, haja visto que João os vê vestidos de roupas brancas simbolizando a santidade. Há também aqueles que defendem a ideia de que os 24 líderes são homens mencionados na escrituras como Abraão, Moisés, Elias, João Batista, os apóstolos, e outros. Mais importante do que saber quem são os 24 líderes  é saber que eles são homens que foram aceitos por Deus, que estão em posição de honra sobre tronos e com coroas na cabeça e que tomarão parte no reinado de Cristo durante o milênio, conforme mostrado posteriormente no livro de apocalipse.

João mencionou também a existência das 7 tochas que são os 7 espíritos de Deus. Na verdade, o que João viu foi a presença do próprio Espírito Santo de Deus que na sua plenitude se mostrou em 7 tochas acesas. Com relação ao mar de vidro que alicerça a sala do trono, este simboliza a transparência da justiça de Deus que é perfeita.

Por fim, ainda nesta visão de João ele menciona a existência de 4 seres viventes: o leão, o touro, o homem e a águia. Muitos estudiosos concordam e particularmente, eu também, que os 4 seres viventes representam toda a natureza de Cristo. Para isto há um paralelo entre os 4 evangelhos com os 4 seres viventes: no evangelho de Mateus destacou-se a autoridade de Jesus, o rei dos reis, o leão da tribo de Judá; no evangelho de Marcos destacou-se a atitude de humilhar-se saindo da glória e vindo como homem, de servir ao próximo, de sacrificar-se, o touro forte que se rende ao servir, o novilho sendo sacrificado; no evangelho de Lucas o destaque foi para a humanidade de Jesus, o Filho do Homem, aquele que em carne se relacionou diretamente com os homens, aquele que é inteligente e perspicaz; e o evangelho de João que destacou a divindade de Cristo, o verbo que se fez carne, a luz do mundo, o Filho de Deus que voltará decidido a reinar eternamente sobre todos, o que está na glória, aquele que tudo vê nas alturas assim como a águia que voa reinante. Todos os 24 anciãos e os 4 seres viventes estavam diante do trono glorificando a Deus, seres que estavam diante de Deus (Ap. 4, 8-11).


O livro e o Cordeiro 

"Na mão direita daquele que estava sentado no trono eu vi um livro em forma de rolo. Estava escrito dos dois lados e selado com sete selos. Vi também um anjo forte , que perguntava bem alto: - Quem é digno de quebrar os selos e abrir o livro?"

Após ver o Trono de Deus, João notou que o próprio Deus segura na sua mão direita um livro na forma de rolo todo selado. A mão direita simboliza que Deus está no controle de tudo e que Ele detém o plano de redenção e restauração da criação. O livro possui 7 (perfeição / completude) selos (livro perfeitamente selado) e um anjo forte pergunta em voz alta quem poderia abrí-lo?. Veremos no livro de apocalipse que o ato de abrir cada selo representará fatos que deverão ocorrer para que a redenção e o resgate do homem sejam concretizados. 

Quando Deus fez todas as coisas, Ele ordenou que o homem dominasse sobre toda a terra, porque o homem era seu representante na terra (o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus)  (Gn. 1, 26-30). Mas a bíblia mostra que, posteriormente, o homem pecou desobedecendo a Deus ao comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Naquele momento, o homem que possuía o direito de reinar no paraíso, passou esse direito à satanás ao satisfazer a vontade dele e não a de Deus. Assim, satanás tomou posse de toda a terra e se tornou o príncipe deste mundo (2Co. 4, 4), (Ef. 2,2), (Jo. 12,31), (Mt. 9,34). Por isso, o homem se tornou escravo de satanás, sujeito à sua influência maligna e aos desejos da carne e sujeito a todo tipo de prejuízo (por escolha, de rei o homem se tornou escravo). Por isso, há um resgate a ser feito porque o propósito de Deus deverá ser cumprido. Se o homem foi criado para reinar em um paraíso mas se tornou escravo em um mundo decadente, a correção será feita. A Palavra de Deus mostra que no final desta era, o mundo imperfeito como o conhecemos dará lugar ao mundo restaurado voltando a ser o paraíso de Deus na Terra (Is. 11, 1-9). 

Quando João achou que ninguém era digno de abrir o livro, ou seja, ninguém poderia fazer com que o propósito de Deus se cumprisse (resgate da humanidade), ele chorou  (Ap. 5, 3-5). Mas um dos líderes que estava em um dos tronos disse a João: "- Nao chore. Olhe! O Leão da tribo de Judá, o famoso descendente do rei Davi, conseguiu a vitória e pode quebrar os sete selos e abrir o livro." (Ap. 5, 5). O Leão da tribo de Judá, Jesus Cristo, se ofereceu em sacrifício na cruz, sem pecado algum,  e seu sangue derramado justificou a redenção da humanidade pecadora. Cristo é digno de abrir o livro porque não possui pecado algum e esta abertura do livro permitirá que o propósito de Deus se cumpra, glória a Deus.
 
Na sequência, João viu o Cordeiro de pé no meio do Trono de Deus, rodeado pelos quatro seres viventes e pelos líderes. Note que, no velho testamento, assim como um cordeiro sem mancha e sem defeito era levado pelos homens ao altar de Deus para ser sacrificado todos os anos e com isto  seus pecados eram perdoados, Cristo ofereceu-se para ser sacrificado. De fato, Cristo que não possui pecado algum (o sacrifício perfeito) foi crucificado e seu sacrifício valeu para toda a eternidade (não precisa ser repetido) e vale para todos que Nele crê. João descreve ainda que o Cordeiro tinha 7 chifres e 7 olhos, sendo que os 7 chifres simbolizam o poder completo de Cristo e os 7 olhos representam o Espírito Santo de Deus enviado a todas as igrejas cristãs. É interessante notar que João menciona o fato dos 4 seres viventes segurarem uma harpa e taças cheias de incenso que são as orações do povo de Deus (Ap. 5, 6-8). Isto mostra que Cristo dá importância às orações daqueles que clamam a Deus e dos que também louvam a Deus.



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